
Depois de enterrar e sepultar pessoas, o que se espera é que elas realmente desapareçam.
Mas, normalmente, as coisas não ocorrem assim. Apesar de estarem a 7 palmos de terra e ter-se a certeza que elas não voltam mais, os pensamentos dos que ficaram não as deixam padecer.
Inconsientes, os vivos lembram-se dos falecidos e os mantém vivos. Alguns heróis e mártires sempre souberam disso e fizeram questão de se perpetuar. Alguns com obras de artes, textos ou ações radicais se fizeram presentes. Os gênios estavam certos! Se o objetivo foi se fazerem perpétuos, eles conseguiram! Talvez sua obras fossem mal interpretadas, sua ações julgadas erroneamente, mas enquanto houvesse alguém, falando bem ou mal de seus feitos, eles conseguiriam a vida eterna que tanto sonhavam.
Simples, eis aí o elixir da vida eterna!
Plásticas, cosméticos, medicamentos e qualidade de vida talvez sejam um aumento de vida para alguém que ao morrer não seria perpetuado. Enquanto, cigarros, boêmias, entorpecentes e noites desvairadas de amor foram ingredientes fundamentais das curtas vidas dos imortais.
Estariam os imortais certos? Não cabe a ninguém julgar-los. Eles fizeram devidamente seus papéis e cumpriram com seus objetivos...
Estariam os mortais certos? Também não se sabe. Mas seus alvos de eternidades provisórias também foram acertados.
Tantos rodeios para que?
Para que os vivos ocupem seus lugares e deixem os mortos onde realmente deveriam ficar. Mais especificamente, vivos fiquem vivos. Imortais não morram. Mas mortos, fiquem em suas covas! Porque aqueles que viveram sem se importarem com seu legado pedem para serem esquecidos. Então, esqueça-os! Não é uma crítica, eles não foram errados, aproveitaram seus momentos terrestres e ao morrerem desejaram descansar em paz.
Então, que descansem em paz! Esses mortais morreram e a única maneira de mantê-los vivos seria lembra-los com frequência. Eles não querem isso. Então, guardem a gaveta da mente reservada aos falecidos, para aqueles que realmente se fizeram perpétuos.
E se por algum acaso, os não perpétuos se arrepederem? Eles viram atrás de um encontro mediúnico, que são breves, intensos cobertos de mágoas, mas com a intenção de matar a saudade. Saudade do que não se fez, saudade do que se fez, ou daquilo que a morte os impediu de fazer.
Com isso, cabe a crença do vivo aceitar ou não essa situação. Muitas pessoas chamariam de loucura. Outros concordariam e até esperariam por seus momentos de mediunidade. E para esses, vai o meu recado: Por maior que seja o arrependimento eles se quiseram mortos. E como quem acredita em conversar com mortos também acredita em reencarnação, vai o consolo: Talvez eles voltem, em outro corpo para fazer aquilo que não fizeram. Mas atentem, eles não serão mais as mesmas pessoas.
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